A essa altura do campeonato, não há legitimidade de nenhum ator para levar adiante qualquer tipo de mudança cujo resultado se extenda. Legislativo, Executivo e até mesmo o Judiciário estão tão engajados em garantir seus próprios interesses que qualquer sacrifício que seja imposto à população será percebido como hipocrisia, pura e simples. Farinha pouca meu pirão primeiro. Pimenta no cu dos outros é refresco.
O melhor que se pode fazer é se concentrar em chegar. Torcer para 2017 passar bem depressa e, em 2018, logo após a Copa, legitimar um projeto político através das Eleições.
Feche os olhos e pergunte a si mesmo:
Você quer uma reforma política, de qualquer tamanho, feita por um Congresso cuja maior preocupação é perdoar seus próprios pecados?
Você quer mesmo uma uma política de congelamento de gastos públicos conduzida por um Executivo que gasta milhões de reais em jantares para convencer a base que é preciso arrochar os gastos sociais?
Você quer mesmo uma reforma previdenciária que vá aumentar a idade mínima de aposentadoria para 65 anos por políticos que se aposentaram com uma década a menos de trabalho?
Você quer mesmo uma reforma educacional executada por pessoas simpáticas ao tal da Escola sem Partido?
Não estou dizendo que todas elas não sejam necessárias. Todas elas são. De certa forma, são até urgentes. Isso não significa, no entanto, que se deva aceitar qualquer reforma política, qualquer reforma previdenciária, qualquer reforma educacional, qualquer política de equalização da dívida pública. Todas elas terão reflexos a longo prazo, impactos que transcenderão gerações e devem ser pensadas com bastante sobriedade. Nesses tempos de salve-se quem puder, sobriedade é o que menos pode se esperar de qualquer decisão.
0 Comentários