Correr às vezes é uma merda. Geralmente é uma merda. Principalmente os primeiros quilômetro de uma manhã gelada, onde as pernas berram para eu parar e a minha voz interior fica perguntando insistentemente por que resolvi cometer esse atentado contra a minha própria integridade. É a rotina, talhada através de inúmeras manhãs frias, quentes, chuvosas e doloridas que me faz levantar diariamente, sem questionar se vale a pena abandonar o aconchego de uma cama aquecida pelo corpo da mulher que amo, para enfrentar as passadas que me fazem voltar para o mesmo lugar que parti, 10 km atrás.
Nem sempre gosto de ter corrido mas sempre odeio não ter corrido. Tirando as vezes que me machuquei por ter corrido de teimosia, nunca me arrependi de ter saído para correr. Me arrependo das raras vezes que não corri podendo tê-lo feito.
Às vezes corro sonhando que sou um corredor de verdade. Às vezes corro pensando somente em terminar logo. Às vezes corro remoendo alguma mágoa. Às vezes corro pensando em um problema. Raramente corro com a cabeça vazia. Ao menos acho que não. Quando isto ocorre não me lembro. Hoje não pensei em problemas, mas em como uma preocupação deixou de ser um problema (Quero escrever sobre ela, mas acabei decidindo que ela merece um post a parte). Lembrei-me do quanto correr é bom. Geralmente é bom.
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