Vim morar em Brasília em 2006 mas só transferi meu título de eleitor para cá a tempo das eleições de 2010. No primeiro turno, digitei 99 confirma em todos os cargos. No segundo, paguei a fantástica quantia de R$ 3,50 como castigo por ter fugido do país no dia da votação. Este ano, porém, resolvi levar a sério e tentar votar de forma consciente. Talvez votar no menos pior ainda seja menos frustrante do que ver o "mais pior" ser eleito sem resistência. Não que vá adiantar alguma coisa. Como diz o grande filósofo +Ricardo Wolosker, meu irmão, "a democracia é a arte de se fazer a pior escolha" e a população brasileira parece ter o dom de seguir essa máxima ano após ano.
Num post anterior, explicitei meus critérios para que um candidato fosse merecedor do meu voto e tentei me manter coerente a eles.
Presidente
Pra presidente foi facinho, facinho. Eduardo Jorge foi o primeiro a assinar a Carta Compromisso com a Mobilidade Ciclística pela qual se comprometeu a conceder prioridade, nas políticas públicas relativas à mobilidade urbana, aos modos não motorizados, ao transporte coletivo e à integração entre eles, favorecendo a humanização do espaço público e a democratização do acesso à cidade. 1 ponto. Se manifestou a favor do casamento gay, da legalização do aborto e da descriminalização das drogas. Mais 3 pontos. Parabéns, Eduardo Jorge (43), você ganhou um dos meus únicos votos convictos nesta eleição.
Governador
As eleições para governador são um exemplo de como a máxima de +Ricardo Wolosker é válida. Até bem pouco tempo atrás, quem liderava as pesquisas de opinião era o nosso nobre ex-governador José Roberto Arruda. Arruda parece ter aversão à conclusão de mandatos pela porta da frente. Foi cassado quando senador. Foi preso quando governador. Ainda assim tudo se encaminhava para um retorno triunfal ao Palácio dos Buritis, não fosse a aplicação da Ficha Limpa. É de se perguntar como o eleitor brasileiro se une em torno de um projeto de iniciativa popular, junta 1,6 milhões de assinatura, faz campanha por sua aprovação e, ao mesmo tempo, está disposto a reeleger um cara que conseguiu a proeza de ser o primeiro governador em exercício no país encarcerado por um crime comum. O que será que ele não entendeu? O que a lei propunha? O que é ser "ficha limpa"? Aliás, a necessidade de uma lei protege o eleitor de suas próprias decisões talvez seja um indício do nosso grau de amadurecimento político.
Arruda era o único candidato que não receberia meu voto em hipótese nenhuma. Nem sob tortura. Jofran Frejat, companheiro e herdeiro da candidatura quando Arruda renunciou - novamente - quando se tornou evidente que a tática de recursos infinitos ia deixar seu "grupo político" sem uma chapa eleitoral, também não conta. Quem é apoiado pelo próprio Arruda, Roriz, Fraga, Luiz Estêvão não pode ser uma alternativa séria de um eleitor bem intencionado. Isso não é uma coligação. A quantidade de processos que esta turma responde dá a impressão que estamos falando de uma quadrilha.
Próximo da lista: Agnelo Queiroz. Se eu fosse um governador concorrendo à reeleição e estivesse em 3º lugar nas pesquisas eleitorais acho que estaria deprimido. Este é o Agnelo, carinhosamente conhecido em Brasília por Agnulo. Esta é a medida de seu governo: nula. Conseguiu a proeza de ser o governador mais mal avaliado do país durante os protestos de junho de 2013.
A imagem que faço dele é a de um avestruz. Quando surge um problema, ele se esconde debaixo da mesa. De vez em quando levanta a cabeça e pergunta:
- O problema X já tá resolvido? Não? Ah, meu deus. Me avisa quando tiver.
E volta a se esconder debaixo da mesa. Durante seu governo, o Distrito Federal enfrentou greves em praticamente todos os serviços prestados pelo estado: polícia civil, polícia militar, metrô, companhia de eletricidade, companhia de água e esgoto. As greves normalmente eram encerradas com acordos e reiniciadas no ano seguinte quando as categorias percebiam que tinham tomado beiço do governador e que o acordo não seria cumprido.
Rodrigo Rollemberg conta com uma grande vantagem: minha ignorância. Ignoro qualquer maldade que ele tenha cometido. Seria uma grande qualidade não fosse por um outro pequeno detalhe: também ignoro qualquer coisa boa que ele tenha feito em sua carreira política. Vamos combinar que se ele for completamente diferente do que espero, pelo menos terei sido sacaneado por um cara diferente. Vamos combinar que escolher pela segunda vez um cara que sabidamente te sacaneou antes te torna um cara otário.
Pra governador, então, Rodrigo Rollemberg (40).
Senador
Eleitor bem intencionado não pode nem saber do número do Gim Argelo. Vai que se confunde e vota nele acidentalmente. Certa vez a Revista Isto É publicou uma reportagem em que ele teria juntado seu primeiro bilhão de reais. Se for verdade, nada mal para quem trabalhava como corretor de imóveis até se eleger deputado distrital e, depois, cair de para quedas no senado, assumindo o mandato do Joaquim Roriz forçado a renunciar na esteira do escândalo nacionalmente conhecido como o "bezerro de ouro". Reza a lenda que seus assessores foram de banca em banca em Brasília comprando os exemplares da revista para que a reportagem não repercutisse entre os habitantes de Brasília.
Gim Argelo responde a nada menos do que 6 inquéritos no STF. Em um deles a PGR se manifestou a favor do recebimento da denúncia. Que 14% dos eleitores manifestem a intenção de votar nele é para mim um espanto. Remete ao questionamento se o eleitor tinha noção do teor da Lei da Ficha Limpa
ou do significado de ser "ficha limpa".
Geraldo Magela e Reguffe enquadram-se na mesma categoria do Rollemberg. Não os conheço o suficiente para abonar ou desabonar suas carreiras políticas. O Reguffe tem uma vantagem: mesmo que seja por demagogia como diz o Magela, quando deputado federal ele abriu mão de verbas de gabinete, assessores parlamentares e 14º e 15º salários. Se for para praticar a demagogia, pelo menos que seja uma demagogia que economize nossos impostos. Desta forma, para senador, Reguffe (123)
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