— Márcio Meira!
(Meu Deus! Meu Deus! O que foi que eu fiz)?
— Que porra é essa?
(Ganhe tempo, ganhe tempo, ganhe tempo, ganhe tempo, ganhe tempo)
— Porra? Que… por…ra? Que… que… Vo…cê… es…tá…fa…lan…do?
— Não se faz de desentendido. Tô falando desta porra aqui. Um sutiã. Essa porra de sutiã rosa que eu achei debaixo do banco.
— Para Andréa… Não esfrega esse treco no meu rosto… Assim a gente vai bater…
(Que foi que eu fiz? Que foi que eu fiz?)
— Ah! Agora é treco… E ontem? Era o que?
(Cara… eu devia estar muito bêbado ontem. Não consigo me lembrar de nada)
— Para o carro! Para o carro agora!
— Você tá doida? Para o carro assim no meio do Eixão? Vou parar como?
— Tô pouco me fudendo. Para esse carro. Para ou eu puxo freio de mão.
(Tô fudido… Não consigo me lembrar de nada de ontem… Eu tava lendo… Depois… Nada… Que que fiz depois?)
— Vamos. Quero ver você me dizer. Quem era a vagabunda? Era alguma peituda do trabalho?
— Como assim, vagabunda? Andréa… eu trabalho na informática. Não tem mulher nenhuma lá. Muito menos peituda.
(Foucault… eu estava lendo Foucault… Crime e Castigo)
— Quero que você me dê uma boa explicação… senão eu te mato!
(Não… Crime e Castigo é Dostoiévski. Eu sempre confundo. Foucault é Vigiar e Punir. É isso: Vigiar e Punir)
— Então? Tô esperando… Com quem você está me traindo?
(Aquela tradução inclusive está uma bosta. Por que essas traduções têm que ser sempre tão ruins?)
— …falar?
— Ei! Não me bate! Deixa eu ver esse sutiã.
— Eu vou fazer é você engolir esse sutiã.
— Andréa… que engraçado… esse sutiã… parece aquele que eu te dei como meu presente de aniversário…
(?)
— Andréa… esse carro… esse aqui é o seu carro… você saiu com suas amigas ontem, tá lembrada?
(?)
— Não me lembro que horas você chegou ontem… eu já estava dormindo… Andréa… Que que esse sutiã está fazendo debaixo do banco?
— Amor… Podemos ir? Você sabe como eu odeio chegar atrasada…
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